quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Roma, primeiras impressões


Em toda cidade nova demoro dois, três dias para entrar no clima. Geralmente antes deste tempo não sei bem sobre o quê gostaria de escrever e dividir com os outros da minha percepção do lugar. Preciso de um tempo para arrumar as impressões e sentimentos dentro de mim. Não sei se a cidade precisa desse tempo para se abrir ou eu, bicho do mato, para me entregar.
Roma é diferente não tem como ter dúvida de se apaixonar, mas ao mesmo tempo é tanta informação, tanta beleza, que mesmo maravilhada precisei de um tempo para sedimentar tudo dentro de mim. Não é qualquer cidade que já começa com uma lenda sobre sua criação. A loba com Rômulo e Remo já me fazem sorrir antes de qualquer coisa.  Mas vão aí minhas primeiras impressões da cidade eterna:


1o ato: Asterix e Obelix

Impossível não lembrar dos meus heróis preferidos enquanto caminho pelo Coliseu. Esta é a primeira imagem que tenho de Roma, construída lá na minha infância, quando primeiro meu pai lia para nós e depois já maiores líamos nós mesmos as aventuras dos gauleses contra os romanos. Descobri que por volta de 20 mil pessoas e 9 mil animais morreram nas apresentações no Coliseu (coisa básica). Eu lembro de Asterix Gladiador, onde ele ensina os gladiadores o jogo do sim, não, branco e preto. Palavras que não podem ser ditas e uma pessoa faz perguntas aos demais, tudo dentro do Coliseu. César arranca os cabelos com a idéia. É genial. Posso ver os romanos entrando nesta construção gigante (é um estádio de futebol dos tempos antigos, cinquenta mil pessoas...), os leões no subterrâneo, o bardo prestes a ser entregue às feras, toda a pompa de um tempo passado. Emanuele, meu querido amigo, insiste em me dizer que Asterix e Obelix não existiram, que não tinha uma aldeia gaulesa que resistia ao império romano... eu tapo os ouvidos.

2o ato: Raul Seixas

Roma é uma cidade de símbolos. Nada parece feito por acaso, os números se repetem na minha cabeça: 1, 2, 4, 7...
Lembro da canção dos números em que Raul Seixas canta os eventos que se repetem. Estou na Fontana di Trevi, a fonte belíssima tem dois homens-peixe guiando um cavalo alado, um cavalo representando o mar calmo, o outro o mar agitado...mais duas estátuas que representam divinamente a Saúde e a Abundância.
Dois
E no dois o homem luta entre coisas diferente,
Bem e mal, amor e guerra, preto e branco, bicho e gente
Rico e pobre, claro e escuro, noite e dia, corpo e mente.

No café falamos do número sete na história de roma: a cidade está sobre sete colinas, teve sete imperadores antigos...
Agora o sete
Sete dias da semana, sete notas musicais,
Sete cores do arco-íris nas regiões divinais,
E se pintar tanto sete, eu já não agüento mais.

Ando na Piazza Navona e a bela fonte do centro da praça contém 4 estátuas, representando os  principais rios dos quatro principais continentes: Rio Nilo, na África; Rio Ganges, na Ásia, Rio da Prata, na América e o Rio Danúbio, na Europa.
Agora o quatro
E o quatro é importante, quatro ponto cardeal,
Quatro estação do ano, quatro pé tem um animal,
Quatro perna tem a mesa, quatro dia o carnaval.

Em San Pietro in Vincoli me encanto com Moisés de Michelângelo, obra única, que retrata o momento em que Moisés volta da montanha com as tábuas da lei.
Falar do número um
Falar do número um não é preciso muito estudo,
Só se casa uma vez e foi um Deus que criou tudo,
Uma vida só se vive, só se usa um sobretudo.

3o. pequeno ato:

Sabe aquelas coisas pequenininhas que encantam os olhos e parecem fazer o coração sorrir? Não se pode criar expectativas, mas ir no portão da Villa dei Cavalieri di Malta olhar pelo buraco da fechadura e ver ao fundo de uma fileira de pinheiros a cúpula de San Pietro é de uma singeleza sem precedentes. Um carinho para os olhos, melhor ainda se você já tiver visto dentro da igreja a Pietá...
Não vou postar fotos porque não tem graça, gostoso é o ar quase proibido de olhar no buraquinho da fechadura...

4o. ato: Fontana di Trevi


Tá vendo uma moedinha que brilha mais no lado esquerdo acima? Pois é, é minha. Me rendi ao programa mais turístico que pode ter em Roma: jogar de costas uma moedinha na Fontana di Trevi pra garantir que vou voltar à cidade...

2 comentários:

  1. Fala para o Emanuele que Asterix e Obelix existiram sim. Será que ele ele não teve infância?
    Ops, isto é constrangedor: ele descende dos Romanos !

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  2. ahahaha, eu digo sempre pra ele: esses romanos são loucos!

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