domingo, 14 de outubro de 2012

Oba, sorvete!

Meu primeiro sorvete na Itália foi de pistache, posso lembrar do sabor como se fosse hoje, com Beto, Fer e família numa cidade vizinha a Turim. Naquele momento pensei que todo sorvete aqui seria assim, dos deuses. Mas claro que não funciona desse jeito romântico. Encontrei muitos sorvetes bons, mas também muitos "meia boca", com isso fui aprendendo, fazendo uma seleção na cabeça. Até chegar o momento em que este era meu assunto preferido e comecei a escutar histórias de sorvetes e sorveteiros, da fabricação e do consumo. Foi mágico porque quando escrevi da Dona Maria, tudo e todos à minha volta chegavam com alguma história nova sobre sorvetes. Sabe quando a gente nunca ouviu uma palavra e uma hora conhece e depois disso começa a ouvir todo o tempo? Pois é, foi assim.

Não é um super guia, mas é um resumo de como fui me virando pra encontrar os bons sorvetes por aqui...

1 - Primeira coisa é saber se é artesanal ou industrializado. Geralmente tem alguma plaquetinha ou placona dizendo. Faz toda a diferença, separa o joio do trigo.

2 - Na dúvida, olhe o sorvete de pistache. A cor diz tudo, qualquer tom de verde que não lembre aquela bela cor verde escura do pistache, já me faz desistir da sorveteria. Pistache é um ícone, precisa ser bem representado.

3 - Sorvete bom é sorvete novo, dura 3 dias no máximo. A cultura do fresco é que tenho mais sentido que falta no Brasil. Ricota velha, mussarela velha, farinha de trigo, sorvete, tudo sem este frescor, que faz toda a diferença.

4 - O tempo da sorveteria diz alguma coisa, um negócio que tá ali há mais de 20 anos merece algum crédito e provavelmente tem prática. Geralmente vem escrito em algum lugar a data de fundação quando isto pode ser parte do marketing...

4 - Na dúvida sorveteria famosa. Claro que é bom descobrir aquela portinha de sorvete artesanal antiga, melhor ainda se tem um velhinho que serve o sorvete, mas até o olho apurar e a língua entender o idioma, eu apostei nas sorveterias "slow food" grandes.

Grom, é a primeira, vai bem sempre, você encontra em toda cidade grande/turística italiana. Tem o sabor do mês, com a fruta da estação e todos os produtos são de boa origem. Tanto os  cremosos, como avelã (nocciola) ou creme (panna) são bons, como os de fruta. Destaque para o de melão no verão...

La Strega Nocciola em Florença me fez esperar meia hora para ser aberta, correndo risco de perder o trem para Certaldo por conta de um sorvete de lavanda. Sonhei com este sorvete vários dias, e quando voltava "pra casa" tive que ir lá tomar mais um...

A Venchi que faz um chocolate tradicional tem também umas sorveterias espalhadas pela Itália, na estação de Milão tomei um sorvete de chocolate "fondente" inesquecível. Na parede vem dizendo que não usam aditivos, conservantes, aromas artificiais, etc. Faz parte deste modelito slow food que funciona muito bem por aqui. Eu agradeço!

5 - Por último prefiro sempre o sabor que tem a ver com o lugar. Mesmo que não necessariamente a massa do sorvete seja feita ali, mas acho que dá o clima comer algo do local, é uma forma de começar a conhecer. Por exemplo na Sicília sorvete de pistache ou de limão, Piemonte avelã, granita de melancia em Salento...

em Sicília sorvete no brioche é tradicional


O quê? Os sabores exóticos? Pois é, apesar de ser fã dos sorvetes tradicionais, claro que experimentei um bucado de novos sabores. E posso dizer que não lembro de nenhum que não fosse bom. Os melhores talvez sejam um de caramelo com sal grosso numa sorveteria pequenininha de Florença, outro de nozes com basílico em Roma e neste mesmo lugar um de abóbora, que tinha sabor de doce mineiro pouco doce...

O melhor sorvete de todos?
Em Cefalù, uma pequena cidade na Sicília, primeiro tomei uma granita que não era boa e era cara no café chique vizinho à catedral, depois desci uma rua estreita e tava lá, literalmente uma portinha com um balcão na frente e dentro uma moça simpática que me deixou experimentar metade dos sabores que tinha. Por sorte tenho até a foto do sorvete de pistache e de creme dentro do brioche, para não esquecer mais. A verdade é que na Sicília tem bons sorvetes e mais, tem a granita, aquele sorvete feito com gelo triturado e suco de fruta! Uma experiência à parte dos sorvetes. A mais gostosa, porque também alimenta os olhos, é aquela feita na rua, num carrinho de granita, com um bloco de gelo que o vendedor raspa, raspa e coloca no copo, por cima o xarope da fruta, feito por ele, é claro.


a granita "raspada" em Palermo

Um comentário:

  1. Olá Teresa,

    Hummmmm esse sorvete no brioche me conquistou viu!
    Também concordo com você acerca da cultura do fresco que não temos por aqui, como pode né?
    Paz e muita Luz,sempre
    Abração
    Lilian

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